Para ser um professor eficiente, não basta ter boa vontade. É preciso estudar muito e sempre, dedicar-se, planejar e pensar em diferentes estratégias e materiais para utilizar nas aulas. Para levar todos - sim, todos! - a aprender,
é essencial ainda considerar as necessidades de cada um e avaliar
constantemente os resultados alcançados. Apesar de complexo, esse não é
um trabalho solitário: com os colegas da equipe docente, você deve formar um verdadeiro time, apoiado pelo diretor e pelo coordenador pedagógico da escola.
Seu desempenho, no entanto, só será realmente bom se você conhecer o que pensam os alunos e considerar que as famílias são parceiras no processo de ensino.
Seu desempenho, no entanto, só será realmente bom se você conhecer o que pensam os alunos e considerar que as famílias são parceiras no processo de ensino.
Organizar bem seu tempo, planejar de acordo com as necessidades de cada aluno, promover um ambiente de cooperação... Confira essas e outras questões essenciais para o sucesso de seu trabalho na opinião de um grupo de 11 especialistas.
Confira as ações propostas por eles.
A
sugestão é que você perceba o que já incorporou à sua prática e o que
precisa incluir no seu dia a dia para fazer com que o ano seja
grandioso.
PLANEJAMENTO
1. Adapte o currículo da rede à realidade
Um
plano de trabalho anual baseia-se no projeto pedagógico e nas
orientações curriculares da Secretaria da Educação e deve estar de
acordo com as necessidades de aprendizagem dos alunos da instituição.
2. "O trabalho em classe depende do que é feito antes e depois dele. Por isso, estude o assunto e pense nas melhores maneiras de ensiná-lo. Crie as condições para a aprendizagem."
Priscila Monteiro, coordenadora
da formação em Matemática da prefeitura de São Caetano do Sul, na
Grande São Paulo, e selecionadora do Prêmio Victor Civita - Educador
Nota 10
3. Administre bem o horário de trabalho
Distribuir os conteúdos pelo tempo das aulas é complicado. Para determinar as atividades prioritárias,
baseie-se na experiência de anos anteriores e na de colegas. Pense na
quantidade de horas que você vai dedicar aos estudos, à elaboração das
aulas e à correção de tarefas.
4. Antecipe as respostas dos alunos
Cada problema proposto
por você provoca um efeito no grupo. Os alunos podem apresentar
respostas e dúvidas variadas e seguir estratégias diversas de resolução.
Antes de iniciar a aula, pense em intervenções que colaborem para todos
avançarem em relação ao conteúdo tratado.
ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO
5. Selecione os recursos para cada atividade
A escolha dos livros que
serão consultados pela garotada e a organização de materiais como
brinquedos, calculadoras, jogos e letras móveis - enfim, de tudo o que
será usado na aula - precisa ser feita com antecedência. Desse modo,
todos terão à disposição os recursos mais adequados e úteis para a
realização das diferentes tarefas.
6. Reorganize a sala de acordo com a tarefa
A
adequação do ambiente é o primeiro passo para um trabalho produtivo.
Por isso, deixe-o arrumado de forma compatível com a atividade a ser
realizada. Ao encontrar o pátio com cordas e bolas ou uma sala escura
para ouvir histórias de terror, todos se envolvem mais com a proposta de
ação.
Não deixe que
computadores e materiais específicos para o ensino de Arte ou de
Ciências, por exemplo, fiquem encaixotados por falta de iniciativa ou
medo de que estraguem. Se isso ocorre em sua escola, procure uma
formação específica para utilizar esses recursos adequadamente e
compartilhe essa atitude com seus colegas.
8. Não tranque os livros no armário
Obras de diferentes
gêneros que compõem o acervo da escola precisam ficar disponíveis para
consulta ou leitura por prazer. Em vez de deixá-las em armários
trancados, coloque-as em uma sala de fácil acesso ou na própria classe,
em prateleiras ou caixas à vista. Isso incentiva o hábito da leitura e o
cuidado no manuseio das publicações.
9. "Manter
os trabalhos dos alunos expostos faz com que aprendam a apreciar e
valorizar o que é do outro e acompanhar o que foi feito por todos."
Roberta Panico, coordenadora pedagógica do Centro de Educação e Documentação para Ação Comunitária (Cedac)
Ao terminar uma
atividade, a responsabilidade por organizar a sala pode ser dividida com
toda a turma. Deixar em ordem o ambiente compartilhado com colegas e
professores de outras classes demonstra respeito aos demais.
11. Transgrida e mude sua prática
Experimente novos
materiais, varie o tipo de atividade e reveja estratégias
constantemente. Evite induzir todos os passos dos estudantes e permita
que encontrem outras formas de trabalho. Essa mudança de rumo alarga as
possibilidades de aprendizagem deles.
GESTÃO DA SALA DE AULA
12. Exponha a rotina diariamente
É essencial mostrar o
que você vai ensinar, explicitando os objetivos, o conteúdo tratado, em
quanto tempo isso vai se dar e como será a dinâmica. Sabendo o que têm a
fazer, todos criam a expectativa correta diante da aula, se organizam
melhor e se sentem mais seguros.
13. Negocie acordos com a garotada
Apenas exibir o
regulamento que deve ser seguido na escola não convence crianças e
jovens e, por isso, não funciona. Os famosos combinados também só são
bem aceitos quando feitos coletivamente e não impostos por você de
maneira disfarçada. Assim todos veem sentido nas regras e passam a
adotá-las.
14. Tenha interesse pelas ideias dos estudantes
Ao
propor atividades instigantes, em que são levantadas hipóteses, conheça
o pensamento de cada um. O que eles dizem sobre aquele assunto? Esse
conhecimento é fundamental para conduzir a aula. Em vez de apenas
corrigir erros, encaminhe o raciocínio dos alunos para que solucionem o
problema.
15. "A
lição de casa deve ser um momento individual de estudo, descoberta e
reflexão. Seu objetivo não é, nem de longe, a repetição de exercícios
que só reproduzem conteúdos vistos em classe."
Karla Emanuella Veloso Pinto, Educadora
do Ano do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10 de 2009 e professora
de Geografia do Centro Educacional NDE UFLA, em Lavras, MG16. Enriqueça seu trabalho com as parcerias
Se sua escola tem
acordos com outras instituições, utilize os recursos disponibilizados
por elas da melhor forma possível. Lembre-se de que essa ajuda deve
complementar ou aprimorar atividades que estejam de acordo com o projeto
pedagógico da escola e com os objetivos de seu planejamento.
RESPEITO À DIVERSIDADE
17. Ao formar grupos, junte saberes diversos
Seu papel na divisão da
classe para atividades em equipe é fundamental. Considere muito mais do
que afinidades e reúna aqueles com conhecimentos diferentes e próximos,
que têm a aprender e ensinar. Explique que todos precisam atuar juntos
para trocar informações - o que é diferente de cada um fazer uma parte
da tarefa e juntar tudo no fim.
18. Acompanhe quem tem mais dificuldade
Não existem turmas
homogêneas. Para atender os estudantes com diferentes graus de
desenvolvimento, são necessárias estratégias variadas. Pense, com
antecedência, em atividades que podem ser mais adequadas e desafiadoras
para aqueles que não estão no mesmo nível da maioria.
19. Considere e valorize as competências
Para
que aqueles que apresentam necessidades educacionais especiais aprendam
como os demais, busque ajuda na sala de recursos para fazer adaptações
em relação aos materiais usados, ao tempo reservado para as tarefas, aos
conteúdos ensinados e ao espaço. Assim, o foco das propostas deixa de
ser a deficiência e passa a ser as possibilidades dos alunos.
20. "Valorize
sua relação com a criança que tem algum tipo de deficiência para
reconhecer suas necessidades: nada substitui o vínculo e o olhar
observador."
Daniela Alonso, consultora na área de inclusão e selecionadora do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10
21. Fique atento à experiência de todos
Em
uma sala de aula, cada um tem uma história, vem de uma família
diferente e tem uma bagagem de experiências culturais. Valorize essa
heterogeneidade e note que a turma não tem uma só identidade, mas é o
resultado das características de cada indivíduo.
Seu
papel também é garantir que se estabeleçam relações de confiança e
respeito. Por isso, torne constantes as propostas que proporcionam a
cooperação, a amizade, o respeito às diferenças e o cuidado com o outro.
23. Dê o exemplo e não se omita no dia a dia
Assistir a uma situação
em que ocorrem desrespeito ou preconceito sem reagir não condiz com o
trabalho docente. Ao ser omisso, você passa uma mensagem à meninada. Por
isso, destaque os comportamentos éticos e não deixe que outro tipo de
relação faça parte da rotina da escola.
AVALIAÇÃO
24. Faça sempre o diagnóstico inicial
Antes
de ensinar um conteúdo, faça o diagnóstico. Ele é uma ferramenta rica
para registrar em que nível cada um está e o que falta para que os
objetivos propostos sejam alcançados. Além disso, considere essas
informações até o fim do ano. Elas são úteis para a análise do percurso
da garotada.
25. Diga ao aluno o que espera dele
Os
critérios de avaliação devem estar sempre claros. Só quando o estudante
sabe os objetivos de cada atividade e o que você espera, ele passa a se
responsabilizar pelo próprio aprendizado. Essa prática é ainda mais
importante do 6º ao 9º ano, quando há vários professores e é preciso
coordenar diferentes maneiras de trabalho.
26. Documente os trabalhos significativos
Registrar as atividades e
guardar as produções mais relevantes é importante para analisar o
percurso de cada um e o que foi vivido em sala. Esse material é útil
tanto para você orientar as próximas intervenções como para os pais e
futuros professores conhecerem a vida escolar de cada estudante.
Ao desafiar os jovens com questões sobre o que ainda não foi visto em sala, você analisa o percurso que estão construindo e a relação que fazem entre o conhecimento adquirido e informações novas.
28. Compartilhe os erros e os acertos
O principal objetivo das
avaliações não deve ser atender à burocracia, ou seja, determinar as
notas a ser enviadas à secretaria. A função delas é mostrar a você e à
meninada o que foi aprendido e o que ainda falta. Por isso, compartilhe
os resultados pontuando os erros e mostrando como podem ser revistos.
29. "Na
hora de avaliar, note três aspectos: o avanço de todo o grupo, as
mudanças de cada estudante e o aprendizado dele em relação à turma."
Lino de Macedo, professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP)30. Use a avaliação para mudar o rumo
Propostos durante todo o
ano, provas, seminários, relatórios e debates mostram o que a garotada
aprendeu ao longo do processo. Essas ferramentas só são úteis quando
servem para você redirecionar a prática e oferecer pistas sobre novas
estratégias ou como trabalhar conteúdos de ensino.
A autoavaliação é
preciosa para ajudar a perceber fragilidades. Todos os dias, ocorrem
situações que permitem repensar o trabalho em sala e o contato
estabelecido com a equipe e a família dos alunos. Coloque essas práticas
em xeque: alcancei os objetivos? Consegui ensinar os conteúdos
previstos? Em que preciso melhorar? Tendo isso claro, fica mais fácil
buscar alternativas.
RELAÇÃO COM A COMUNIDADE
32. Paute as reuniões com os pais
Os assuntos tratados em
cada encontro devem ser determinados de acordo com o que está sendo
desenvolvido naquele momento com os alunos. Liste o que é relevante para
os pais saberem e agende a reunião em um horário compatível com a
rotina dos pais.
33. Faça parcerias com os responsáveis
A
reunião de pais não é o momento de críticas, mas de favorecer a
participação e a parceria deles com você. Para isso, diga como a escola
vê o processo de aprendizagem e mostre a produção dos alunos.
Durante as reuniões,
peça que os pais se apresentem e digam o que fazem. Anote tudo. Essas
informações são valiosas para conhecer as profissões deles e pensar de
que forma podem colaborar no desenvolvimento dos projetos didáticos.
35. "Muitos
pais não se manifestam nas reuniões porque não sabem quais são os
objetivos da escola. Quando o professor apresenta informações como
essas, a participação aumenta."
Ana Amélia Inoue, coordenadora do Instituto Pedagógico Acaia, em São Paulo, SP, e selecionadora do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10
36. Resolva as questões recorrentes
As reclamações citadas
com frequência pelos pais devem, sempre que possível, ser levadas em
conta para que sejam solucionadas rapidamente. Dar atenção às falas
legitima a participação deles.
37. Olhe para o entorno e participe
Levando em conta as
características e as necessidades da comunidade em que está inserida a
escola, proponha maneiras de organizar ações com o objetivo de alcançar o
bem-estar comum e participe dos movimentos realizados pelos moradores,
como o plantio de árvores no jardim e a reivindicação de segurança em
relação ao trânsito local.
TRABALHO EM EQUIPE
38. Planeje com a ajuda dos colegas
Uma
aula só é boa se é bem preparada. Aproveite o horário de trabalho
pedagógico coletivo para isso. Você pode compartilhar ideias, articular
conteúdos e planejar projetos em conjunto, medidas indispensáveis para
construir uma escola de qualidade.
Para
pensar as avaliações, dar ideias sobre materiais de uso em sala ou como
trabalhar determinado conteúdo, o coordenador pedagógico é um belo
parceiro. Convide-o a observar as aulas e indicar atividades e formas de
aprimorar sua relação com o grupo.
40. Discuta sobre o ensino e a aprendizagem
Ao trocar ideias com
outros professores, dê menos ênfase às questões de comportamento dos
estudantes e mais às relativas à aprendizagem. Comente sobre o processo
de cada aluno e questione se eles têm desempenho semelhante ao
apresentado em suas aulas.
Uma
boa convivência entre os colegas de trabalho deve ser pautada pelo
conhecimento, pela colaboração e pela cooperação. É assim que se
constrói um ambiente de troca de experiências profissionais. Não crie
muitas expectativas: fazer amigos na escola é lucro.
42. Tanto professores mais experientes como profissionais mais jovens podem ser seus parceiros. Respeite as opiniões deles.
Marlene de Lima Ferreira, coordenadora do Programa Escola que Vale, em Paragominas, a 323 quilômetros de Belém
FORMAÇÃO
43. Identifique e supere suas dificuldades
O
primeiro passo para buscar mudanças é determinar suas falhas. Invista
no que pode ser aperfeiçoado: peça ajuda à equipe pedagógica, que pode
indicar livros, busque na internet orientações para suas dúvidas e
converse com os professores para se aprofundar em determinados temas.
Depois de organizar suas
produções, compartilhe-as com os colegas. Conte a eles o desempenho das
classes e o resultado das atividades. Para dar mais visibilidade e
prestígio à sua carreira, amplie essa divulgação para a rede e
inscreva-se em prêmios e congressos.
45. Aprenda com a prática dos outros
Os cursos de formação
são os momentos mais ricos para conhecer educadores. As experiências
trazidas por eles podem enriquecer seu repertório, ajudando a lidar com
diferentes situações. Com a mediação dos docentes que ministram as
aulas, você pode refletir sobre casos reais.
46. Continue os estudos para crescer sempre
Faz
parte do trabalho docente pesquisar e ficar em dia com o que há de novo
na área. Veja os programas disponíveis no Ministério da Educação (MEC) e
na sua rede de ensino. Antes de se inscrever em cursos online,
verifique qual a metodologia e o material didático adotados.
47. Use a tecnologia para ensinar
Muitos
jovens devem ter melhor domínio do computador do que você. Se eles
sabem usar a máquina, sua contribuição deve ser mostrar como ela pode
ajudar a aprender os conteúdos. Procure capacitação para incorporar
recursos que aprimorem o ensino da disciplina que você leciona.
Para
conhecer resultados de uma nova pesquisa, se aprofundar em algum
assunto e ampliar um saber, assistir a palestras é uma boa opção. Por
ser uma atividade passiva, ela não substitui a formação em que há a
troca de experiências entre profissionais.
49. "O
professor é alguém inspirador, seguido pelos alunos. Por isso, seja uma
pessoa melhor ao diversificar seus interesses e conhecimentos e
observar o mundo."
Ana Cláudia Rocha, diretora do Centro de Formação de Professores de São Caetano do Sul, SP50. Procure planejar seu futuro
Quer trocar de área e de
escola, cursar outra faculdade ou uma pós-graduação? Faça uma ampla
pesquisa para acertar nas mudanças, alavancar sua carreira e se tornar
um professor melhor.
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